23.3.13
Frustração
Como disse quero poder compartilhar nesse lugar as felicidades e frustrações da jornada de um aspirante a escritor, pois servirá de aprendizado para mim, como para vocês, espero eu. De alguma forma. Pois então, ontem enviei um material para participar de um concurso de contos, além do trabalho de escrever, revisar e vencer as 80 páginas com qualidade (Deu 88 páginas) tem a parte pecuniria como pagar a encadernação e por último ainda o Sedex para MG. Okay, vale a pena por um sonho. Tá certo que o prémio não é publicar o livro em si, e sim 50 barão, mas é um concurso de gabarito importante e grana sempre é bem vinda. Não preciso ceder meu material pra eles também, perfeito. Tá, naquelas, o necessário.
Só que acontece que quando enviei no intervalo de almoço que tenho - deixei para o último dia, falha minha eu sei, mas acontece - tive que fazer tudo na corrida, mas deu certo. Achei, pelo menos. Acontece que ao sair do trampo e ter que esperar o ônibus resolvi sentar na escadaria do velho prédio e me deter em uma leitura da minha obra - Sempre tiro uma cópia pra mim, vale essa dica importante - e foi aí que minha esperança afundou como a bunda do Leonardo Dicaprio em Titanic.
Por algum motivo inexplicável fiquei com vontade de ler o último conto, um que tinha apenas uma única página que era o único texto positivo entre todos os outros que eu explorava a maldade humana. Minha surpresa foi que não havia ali aquele texto. Nem o último, nem o penúltimo. Nem muitos. Corri os olhos para o rodapé e a numeração ali indicava 66. Porra, eu tinha 88 páginas, com a capa, e um pedaço do meu livreto não estava ali. Bah, a sensação quando isso acontece é de que seu trabalho suado de algumas semanas foram para o valo. As moças da loja onde tirei o xerox não entenderam muito, mas até que foram solícitas. Vi elas conversando lá no fundo e quando voltaram foram até muito legais. Uma delas queria que mandássemos novamente e até pagariam o Sedex. Só que já não tinha Correios para isso. Comentei que vou tentar contato com o pessoal do Concurso Literário lá pelo dia 09/04 que é quando eles vão abrir todos materiais de uma vez para eliminar os errôneos e questionar se podem ao menos me comunicar se aquelas 3 cópias chegaram certinhas. Vai que das 4 cópias só a última saiu mais fina. Sinceramente acho que não. Elas disseram que se assim o for elas então me repõem os gastos. Acho justo, acho uma política correta. Mas vamos ver se assim será. E tem o gasto com o Sedex...
Sei que erros acontecem. E não quero prejudicar ninguém, mas quando fui pegar as cópias vi uma falta de atenção tremenda com os originais. Me deram um ticket para ir pagar no caixa enquanto iriam colocar apenas o espiral. Voltei com o carimbo no papel e minha obra estava parada em uma mesa abandonada enquanto uma das garotas que me atendeu mostrava um banner para uma outra cliente. Nem era banner, era uma fotocópia em papel A3 de Jesus Católico. Ficou mostrando a fotocópia, depois eles quiseram ampliar aquela imagem um pouco mais e ela foi fazendo. E meus personagens na deriva de uma mesa fria, esquecida. Depois de um tempo a que me atendeu pediu para outra garota por o espiral. Ué, elas não iam por enquanto eu estava pagando? Porra! Sei que seria uma boa conferir cada página, mas você nunca imagina que uma impressão de 88 páginas não sairá com o mínimo que você pediu: 88 páginas.
Enfim, o jeito é procurar e aguardar outro concurso bom - Vou tentar substituir 2 textos que coloquei a esmo ali na coletânea para fechar o limite - e ter mais cuidado com os terceiros que metem o bedelho em nossa obra. Quanto a esse concurso... Bem, melhor deixar pra lá.
Só que acontece que quando enviei no intervalo de almoço que tenho - deixei para o último dia, falha minha eu sei, mas acontece - tive que fazer tudo na corrida, mas deu certo. Achei, pelo menos. Acontece que ao sair do trampo e ter que esperar o ônibus resolvi sentar na escadaria do velho prédio e me deter em uma leitura da minha obra - Sempre tiro uma cópia pra mim, vale essa dica importante - e foi aí que minha esperança afundou como a bunda do Leonardo Dicaprio em Titanic.
Por algum motivo inexplicável fiquei com vontade de ler o último conto, um que tinha apenas uma única página que era o único texto positivo entre todos os outros que eu explorava a maldade humana. Minha surpresa foi que não havia ali aquele texto. Nem o último, nem o penúltimo. Nem muitos. Corri os olhos para o rodapé e a numeração ali indicava 66. Porra, eu tinha 88 páginas, com a capa, e um pedaço do meu livreto não estava ali. Bah, a sensação quando isso acontece é de que seu trabalho suado de algumas semanas foram para o valo. As moças da loja onde tirei o xerox não entenderam muito, mas até que foram solícitas. Vi elas conversando lá no fundo e quando voltaram foram até muito legais. Uma delas queria que mandássemos novamente e até pagariam o Sedex. Só que já não tinha Correios para isso. Comentei que vou tentar contato com o pessoal do Concurso Literário lá pelo dia 09/04 que é quando eles vão abrir todos materiais de uma vez para eliminar os errôneos e questionar se podem ao menos me comunicar se aquelas 3 cópias chegaram certinhas. Vai que das 4 cópias só a última saiu mais fina. Sinceramente acho que não. Elas disseram que se assim o for elas então me repõem os gastos. Acho justo, acho uma política correta. Mas vamos ver se assim será. E tem o gasto com o Sedex...
Sei que erros acontecem. E não quero prejudicar ninguém, mas quando fui pegar as cópias vi uma falta de atenção tremenda com os originais. Me deram um ticket para ir pagar no caixa enquanto iriam colocar apenas o espiral. Voltei com o carimbo no papel e minha obra estava parada em uma mesa abandonada enquanto uma das garotas que me atendeu mostrava um banner para uma outra cliente. Nem era banner, era uma fotocópia em papel A3 de Jesus Católico. Ficou mostrando a fotocópia, depois eles quiseram ampliar aquela imagem um pouco mais e ela foi fazendo. E meus personagens na deriva de uma mesa fria, esquecida. Depois de um tempo a que me atendeu pediu para outra garota por o espiral. Ué, elas não iam por enquanto eu estava pagando? Porra! Sei que seria uma boa conferir cada página, mas você nunca imagina que uma impressão de 88 páginas não sairá com o mínimo que você pediu: 88 páginas.
Enfim, o jeito é procurar e aguardar outro concurso bom - Vou tentar substituir 2 textos que coloquei a esmo ali na coletânea para fechar o limite - e ter mais cuidado com os terceiros que metem o bedelho em nossa obra. Quanto a esse concurso... Bem, melhor deixar pra lá.
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17.3.13
Curtas: Laços
Fala, povo que lê e que escreve. Seguindo a onda do último post trago lhes um curta que mostra a parte oposta da do roteiro, a parte já tranposta para o visual. Ese curta da Clarice Falcão (o roteiro é da mãe dela, na verdade) ganhou um prêmio do Youtube e muito merecido. Notem como as palavras soam bonitas e o final é maestral. A música também dá um toque, mas nosso objetivo é mais as letras e as idéias, não é mesmo? Muitos escritores se limitam buscando apenas textos para se espelhar, mas muitos curtas-metragens estão aí dando show de criatividade, trabalho bem feito e de primor no roteiro.
Gostei! E vocês? Comentem aí.
Gostei! E vocês? Comentem aí.
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11.3.13
Roteiros - Aeroplanos
Fala, maníacos pela escrita. Beleza? Hoje estou adicionando uma coluna nova que fala sobre uma das artes de escrever que são os roteiros. Sucintos, criativos e focados em passar instruções para um diretor e para quem fará a fotografia. Seja cinema, séries, curtas, tudo começa em um roteiro. E tudo pode terminar nele se não for dos bons. Eu tenho a opinião que um roteiro para ser bom tem que te tocar ainda no papel impresso. Daí é certeza que no ecrã vai agradar também.
Todo mundo dessa área sempre indica, no quesito nacional, o filme Cidade de Deus, eu como não gosto do gênero decidi que não iria aprender as técnicas em cima de algo que não me daria prazer só porque é bem feito. Então lembrei de um antigo curta gaúcho que para mim é memorável entre outros tantos, esse me marcou. É a história de um casal que vive praticamente sua vida conjunta em um aeroporto, só que ela detesta-os de morte. E essa crise vai mostrar do que o amor deles é feito. E sabe o que é mais legal? Fui relê-lo no ônibus voltando pra casa e me emocionou novamente, dessa vez em texto. Confesso que um aperto no coração daqueles que antecedem um choro brotou de leve. Pena não achar o vídeo dele, os atores foram ótimos e daria para mostrar a transformação. Enfim, curtam aí! Entenderam? Huhu...
Alex Sernambi |
AEROPLANOS
Roteiro em modo texto: [ Download ]
AEROPLANOSepisódio da série
CONTOS DE INVERNO 2002
argumento e roteiro de
Marcelo Pires
Versão 28/03/2002
coordenação de texto da série
Jorge Furtado
e Giba Assis Brasil
produção: Casa de Cinema de Porto Alegre
para RBS TV
*******************************************************************
CENA 1 - SAGUÃO DO AEROPORTO / NOITE
Tião espera no saguão do aeroporto. Olha o relógio.
VOZ DO AEROPORTO
Informamos a chegada do vôo 2341 procedente do Rio
de Janeiro, com escala em Curitiba.
CENA 2 - ARQUIVO / NOITE
Avião aterriza.
CENA 3 - SAGUÃO DO AEROPORTO / NOITE
Tião arruma o cabelo com a mão.
CENA 4 - SALA DAS BAGAGENS / NOITE
Alice entra na sala das bagagens.
CENA 5 - SAGUÃO DO AEROPORTO / NOITE
Tião bota a camisa pra dentro das calças.
CENA 6 - SALA DAS BAGAGENS / NOITE
Alice espera no lado da esteira de bagagens.
CENA 7 - SAGUÃO DO AEROPORTO / NOITE
Tião coloca um Halls na boca.
CENA 8 - SALA DAS BAGAGENS / NOITE
Esteira de bagagens pára. Alice está sozinha na sala.
ALICE
Cadê a minha mala?
CENA 9 - SAGUÃO DO AEROPORTO
Tião espera no saguão do aeroporto. Olha o relógio.
CENA 10 - SALA DAS BAGAGENS
Alice no balcão, fala com a moça da companhia.
MOÇA
A senhora poderia descrever a sua mala?
ALICE
É triste.
MOÇA
A sua mala é triste?
ALICE
Esta situação é triste.
MOÇA
Eu sei, mas a senhora poderia descrever a sua
mala?
ALICE
É horrível.
MOÇA
Isso acontece, tenho certeza que nós...
ALICE
A minha mala é horrível. Pesadona. Difícil de
carregar. Um suplício. Detesto malas. Detesto
aeroportos. A senhora é do pessoal de terra, né?
Pois é: eu também. Eu sou do pessoal de terra. E
quero a minha mala! A minha mala horrível. Mas, eu
quero.
CENA 11 - SAGUÃO DO AEROPORTO / NOITE
Alice, com papelzinho na mão, sai pela porta da sala de
desembarque. Carrega o papelzinho como se ele fosse precioso, o
único papelzinho do mundo.
Tião está dormindo na cadeira. Alice chega ao lado dele, vê ele
ressonar.
ALICE
(grita) Curitiba!
Tião toma um susto. Levanta-se.
ALICE
A minha mala horrível está em Curitiba. Chega em
mais ou menos duas horas. Temos que esperar.
TIÃO
Boa noite (pausa)... meu amor.
ALICE
Boa noite pra quem?
TIÃO
Vamos tomar um café (pausa)... meu bem?
CENA 12 - SAGUÃO / NOITE
Tião e Alice caminham pelo saguão.
ALICE
Café preto e pão de queijo, café preto...
Tião e Alice param na frente do elevador. Tião chama o elevador,
aperta o botão.
ALICE
... e pão de queijo, a dieta típica de quem vive
em aeroporto.
O elevador chega. Tião segura a porta e dá passagem pra Alice.
TIÃO
Você primeiro (pausa), minha querida.
CENA 13 - ELEVADOR
Interior do elevador. O elevador pára, estraga entre dois
andares.
ALICE
O que é isso?
TIÃO
Parou.
ALICE
Isso eu sei. Parou por quê?
TIÃO
Isso eu não sei. Calma.
ALICE
Eu não acredito.
TIÃO
Já vai andar, calma.
ALICE
Eu não acredito. Presa em um relacionamento que
está preso em um elevador que está preso em um
aeroporto. Eu não vou suportar ficar aquiþ sem
decolarþ nem aterrissarþ sem decolar... nem
aterrissar... elevador é uma espécie de nave....
sim: é uma aeronave... elevador é um tipo de
avião... só que mais apertado... mais abafado...
mais enlouquecedor... mais...
TIÃO
Quem me dera estar dentro de um avião. A gente
teria poltronas. E serviço de bordo.
ALICE
Você é engenheiro, Tião, faça alguma coisa.
Pausa.
TIÃO
(grita) Socorro! Alguém aí do aeroporto...
socorro... nós estamos presos no elevador...
socorro!
ALICE
A faculdade de engenharia ensina a berrar? Você
tem graduação em grito?
TIÃO
Alice, fique quieta. Deste jeito ninguém vai ouvir
os meus gritos. Calma, eles já estão
providenciando tudo.
ALICE
Eles quem, Tião?
TIÃO
Sei lá. A guarda costeira. A cruz vermelha. A ONU.
O Greenpeace. Os super-amigos. Enfim, o pessoal do
aeroporto. Não vai levar nem um minuto, você vai
ver.
ALICE
(olha o relógio) Quando passar o minuto, eu aviso.
TIÃO
Alice, fique quieta, ok?
ALICE
Ok.
Alice dá as costa pra ele. Tião dá as costas pra ela.
CENA 14 - ELEVADOR / NOITE
Eles em outra posição, se evitando dentro do elevador.
passagem de tempo.
Eles em outra posição, se evitando dentro do elevador.
passagem de tempo.
Eles em outra posição, se evitando dentro do elevador.
passagem de tempo. Alice repara em um pacote que Tião trouxe
consigo.
ALICE
O que é isso?
TIÃO
Um presente.
ALICE
Já que não tem mais ninguém por aqui, presumo que
seja para mim.
Ele dá o presente, ela abre, é um vestido. Vermelho. Ela gosta.
Vai tirando a roupa.
ALICE
Vou experimentar. Isso aqui parece um provador
mesmo.
Ela fica de calcinha e sutiã.
ALICE
Olhe pro outro lado.
Tião se vira, mal humorado.
TIÃO
Não é a primeira vez que você se troca na minha
frente.
ALICE
Talvez seja a última. Vire-se. Mesmo dentro de um
elevador, tenho direito à um mínimo de liberdade.
Fica linda no vestido. Tião se vira. Olha pra ela.
TIÃO
Você ficou linda. A mulher mais linda deste
elevador.
ALICE
É pouco.
TIÃO
A mulher mais linda deste aeroporto.
Eles se beijam. Pinta o maior climão.
ALICE
Ainda é pouco.
TIÃO
A mulher mais linda da cidade.
ALICE
Melhorou. Mas... ainda... sei lá... poderia ser
melhor.
Eles se agarram pra valer.
TIÃO
A mulher mais linda do Brasil. Não: do mundo.
ALICE
Parabéns. Agora ficou razoável.
Neste agarro, toca música (do Jorge Mautner): Aeroplanos
você faz tantos planos
fica voando em aeroplanos
da imaginação
porque não faz seu campo de pouso
no aeroporto do meu coração
você voa com as nuvens
que são penugens
cor de algodão
e só retorna pra terra com a chuva
como gotas negras que batem no chão
Alice e Tião transam. A câmera deriva e mostra o sinal de "pra
cima" e o sinal de "pra baixo", mostra o sinal de "pra cima" e o
sinal de "pra baixo", mostra o sinal de "pra cima" e o sinal de
"pra baixo" mostra o sinal de "pra cima" e o sinal de "pra
baixo".
CENA 15 - ELEVADOR / NOITE
Alice e Tião, sentados no chão do elevador, a cabeça dela no
ombro dele.
ALICE
Sabe o que eu mais detesto em aeroporto? Aeroporto
parece uma enorme sala de reunião. Um monte de
homens, homens de terno e gravata tomando
cafezinho, um monte de pastas, um monte de
agendas, um monte de celulares. E poucas mulheres.
TIÃO
Tem mais homem, mas tem mulher também.
ALICE
São minoria, sempre. E quase todas estão de
taillers. Taillers e escarpans. Taillers com
enchimento nos ombros. E escarpans de salto alto.
Aeroporto tem mármore por todos os cantos, e
cadeiras de plástico, e detalhes em aço. Por quê
não existe um aeroporto rústico? Só vou gostar de
um aeroporto quando tiver taboão no chão. E móveis
de vime. Com grandes almofadões. E lareira!
Alice levanta, espia para fora do elevador.
ALICE
Não suporto mais esta vidaþ eu sou jornalista, não
sou comissária de bordo... quando é que a gente
vai morar junto?
TIÃO
Não sei, estou no 14§ piso de uma obra de 20
andares.
ALICE
Não, Tião, você está preso entre o térreo o e 1§
andar do aeroporto, em um elevador, só comigo.
Seja sincero: algum dia nós vamos morar juntos?
TIÃO
Não quero ir pro Rio.
ALICE
Eu venho pra cá.
TIÃO
Não sei, Alice. Travei. Como o elevador.
Ela se afasta, vai para o outro lado do elevador. Com raiva,
Alice bate o pé na parede e, neste momento, o elevador se
movimenta.
CENA 16 - SAGUÃO / NOITE
As portas abrem. Um pequeno grupo vê o casal sair do elevador. No
grupo está JOANA (o travesti da história do "Dr.Genarinho")). O
grupo assusta Alice. Acuada, ela sai gritando, passando entre os
curiosos.
ALICE
Perdi um ano e meio da minha vida!
JOANA
Mulher é assim: fica quinze minutinhos presa, já
diz que é uma vida inteira. Exageraada...
CENA 17 - BANHEIRO FEMININO/ NOITE
Alice entra no banheiro feminino. Surge a senhora da limpeza.
Alice tira o vestido vermelho e recoloca a roupa com a qual
chegou.
SENHORA
Já sei, briga com o namorado.
ALICE
Ex! Ex-namorado.
SENHORA
Isso mesmo... como é mesmo o seu nome?
ALICE
Alice.
SENHORA
Isso mesmo, Alice. Homem é que nem avião. Se a
gente perde um, logo pega outro.
Tião tenta entrar no banheiro. A senhora da limpeza não deixa.
Empurra ele com a vassoura.
TIÃO
Alice, eu quero falar com você.
SENHORA
Homem não entra aqui.
TIÃO
Alice, manda esta mulher sair da minha frente...
SENHORA
Quem manda neste banheiro sou eu. Desinfeta.
ALICE
Exato, Tião. Desinfeta.
CENA 18 - SAGUÃO / NOITE
Tião do lado de fora do banheiro. Joana chega.
JOANA
Não deixaram você entrar no banheiro feminino?
TIÃO
Não.
JOANA
Não liga, fazem isso comigo o tempo todo.
CENA 19 - BANHEIRO FEMININO
ALICE
Tião é daqui, eu sou do Rio. Não agüento mais
aeroporto.
SENHORA
Eu trabalho há 10 anos neste serviço. Também não
agüento mais aeroporto.
ALICE
Ele não quer viver comigo. Não quer ter (faz um
gesto mostrando o ambiente em volta) um banheiro
em comum comigo, entende?
SENHORA
Viver junto, tudo bem, Alice, mas, acredite em
mim, é melhor cada um ter o seu banheiro. Homem
nunca levanta a tampa do vaso. Deixa toalha
molhada em qualquer lugar.
ALICE
Aperta a pasta de dente sem método nenhum.
SENHORA
Molha toda a pia quando faz a barba. E ainda
reclama quando a gente deixa a calcinha secando no
registro. Vai pendurar a calcinha aonde? No lustre
da sala?
ALICE
A senhora me convenceu.
As duas riem. A senhora dá um beijo maternal na testa dela.
CENA 20 - BANHEIRO MASCULINO
Joana no mictório. Tião na pia.
JOANA
Você vai esperar por ela?
TIÃO
Vou.
JOANA
Tem certeza?
TIÃO
Tenho.
JOANA
Não quer, por exemplo, pegar um elevador comigo?
TIÃO
Não.
JOANA
Eu conheço um elevador ótimo ... espaçoso... com
piscina... cama redonda... churrasqueira...
TIÃO
Eu preferia ficar sozinho. Se você não se importa.
JOANA
Se você quer ficar sozinho, vai conseguir. Quando
ela sair deste banheiro, não vai nem olhar na sua
cara. Tchau!
Tião olha-se no espelho.
TIÃO
(para a câmera) Pior que ele tem razão.
CENA 21 - BANHEIRO FEMININO
Alice, no espelho, se recompõe.
ALICE
Brigada, viu? Eu não sei o que seria de mim se eu
não tivesse encontrado a senhora. Eu seria capaz
de usar todas estas folhas de papel... de tanto
chorar... e aqui, olha só, recomendam que a gente
só use duas folhas...
SENHORA
Quem escreveu isso nunca chorou num banheiro de
aeroporto.
ALICE
Nunca... gente contida... gente mesquinha... só se
permite duas folhinhas de choro... eu não... eu
juro... juro que nunca mais ponho meu pé aqui... a
senhora e Salgado Filho que me perdoem... vou
agora pro Rio... (dá um cartão pra senhora)...este
é o meu telefone...me liga, por favor...
SENHORA
Ligo, minha filha, mas a cobrar. Esse tal de
Salgado Filho me paga uma miséria!
ALICE
Tá combinado. Deu pra ti, baixo astral... Porto
Alegre, tchau.
SENHORA
Tchau, Alice.
Alice já trocou de roupa. Sai do banheiro, esquecendo o vestido
vermelho lá, em cima da pia. A senhora percebe o vestido, sai
atrás dela.
CENA 22 - SAGUÃO / AMANHECER
Surge a senhora, atrás de Alice. Mas, estanca. Percebe Tião
tentando acalmar Alice. Alice está comprando uma passagem no
balcão da companhia.
TIÃO
Alice, vamos conversar. Fica comigo.
ALICE
(cantarola) ...aperte o cinto, vamos chegar
dentro de mais um minuto estaremos no Galeão...
pa-ra-pa-ram!
TIÃO
Alice, deixa de bobagem, fica até manhã.
Alice pega a passagem e mostra pra Tião.
ALICE
Tião, eu nunca tive tanto prazer em voar. Na
verdade, eu nunca tive prazer em voar. Será a
primeira vez. Adeus, Tião.
TIÃO
E a sua mala?
ALICE
Fica com ela, Tião. Vocês foram feitos um para o
outro.
Embarca imediatamente. Tião fica sem reação, fica olhando Alice
ir embora. A senhora, ainda com o vestido na mão, se aproxima e
diz pra Tião.
SENHORA
Entendeu?
TIÃO
O quê?
SENHORA
O comentário sobre a mala.
TIÃO
Entendi. Ela insinuou que eu sou um tremendo mala
e combino com a aquela mala horrível...
SENHORA
Não, ela quis dizer que você... e a horrível
mala... estão perdidos.
Alice passa pela porta de embarque. Não olha pra trás. A moça
confere as passagens, na porta do Embarque.
A senhora vai embora. A moça lá do começo, a moça da sala de
embarque, aparece e traz a mala, horrível realmente, e deixa do
lado de Tião.
MOÇA
Ela já foi?
TIÃO
Já.
Entrega um papel e uma caneta a ele.
MOÇA
Eu preciso da sua assinatura.
Tião assina. A moça vai embora. Tião senta na mala e fica ali,
abandonado.
CENA 23 - SAGUÃO / NOITE
Passagem de tempo. Uma semana depois. Tião está na porta da sala
de desembarque do aeroporto. Liga pra Alice do celular.
TIÃO
Alice, tô aqui no Aeroporto, te esperando.
INTERCALADO COM
CENA 24 - QUARTO DE ALICE
Alice, em seu quarto, no Rio.
ALICE
E eu tô aqui, linda, cheirosa, esperando um amigo
pra sair.
TIÃO
Que amigo?
ALICE
A Beth.
TIÃO
Mas, a Beth é amiga.
ALICE
Meu ombro amigo. Por sinal, ele chegou. Vou
desligar.
TIÃO
Eu vou esperar por você, Alice, toda sexta-feira.
Aqui, no aeroporto.
ALICE
Eu sempre soube que você tem tara por aeroporto.
Tchau, Tião.
Ele fica lá, parado, magoado, sozinho ali.
CENA 25 - SAGUÃO / NOITE
Passagem de tempo. Uma semana depois. Tião está na porta da sala
de desembarque do aeroporto. Nada.
CENA 26 - SAGUÃO / NOITE
Passagem de tempo. Uma semana depois. Tião está na porta da sala
de desembarque do aeroporto. Nada.
CENA 27 - SAGUÃO / NOITE
A senhora da limpeza está falando ao telefone. Ao fundo, Tião
espera.
SENHORA
Sério, Alice, ele tá lá esperandoþ vem toda sextaþ
traz até a tua mala.... horrível... não, não tô
falando da mala... tô falando da situação do
Tião... ele só vai embora quando desce a última
pessoa do vôo... o quê? Bonitinho? Olha, Alice,
emagreceu, mas tá bonitinho.
CENA 28 - SAGUÃO / NOITE
Passagem de tempo. Uma semana depois. Tião está na porta da sala
de desembarque do aeroporto. O celular dele toca. Ele atende.
INTERCALADA COM
CENA 29 - QUARTO / NOITE
Alice, na janela do quarto, luzes ao fundo.
ALICE (MUITO NERVOSA)
Tião, você está bem, Tião?
TIÃO
Alice, o que foi?
ALICE
Eu tive um pesadelo, (ela chora) um pesadelo
horrível.
TIÃO
Que pesadelo?
Alice olha para a rua, a imagem de Tião, de quepe, surge
refletida no vidro.
ALICE
Eu sonhei que você era piloto de avião... (ela
chora) você usava um quepe ridículo... (ela chora
mais)
TIÃO
Você ligou porque eu estava usando quepe?
Um acidente aéreo, refletido no vidro, funde-se à imagem do rosto
dela.
ALICE
Não, Tião... o avião caiu... (ela chora) você era
péssimo piloto...
TIÃO
Alice, foi só um sonho.
Um caixão e uma coroa de flores se sobrepõe por fusão ao rosto
dela.
ALICE
Você morreu, Tião, e apesar do quepe... (ela
chora) apesar de ser péssimo piloto... (ela chora)
TIÃO
A ligação tá péssima!
ALICE
Eu fiquei arrasada... eu não posso viver sem você,
Tião, você morreu...
TIÃO
Eu tô vivo, Alice, mais magro, mas tô vivo.
ALICE
Como é que eu vou saber que isso ainda não é o
sonho?
TIÃO
Deita de novo. Deitou?
Alice deita.
ALICE
Deitei.
TIÃO
Eu vou cantar pra você dormir... (ele canta, sem
jeito, no saguão do aeroporto, mas com muita
doçura) "você faz tantos planos, fica voando em
aeroplanos da imaginação, porque não faz seu campo
de pouso, no aeroporto do meu coração".
A Senhora se aproxima, fecha os olhos, fica ouvindo Tião cantar.
Alice fecha os olhos, o rosto fica tranqüilo.
Tião desliga o telefone. A Senhora abre os olhos.
TIÃO
(para a Senhora) Dormiu.
A Senhora volta a varrer. Tião vai saindo do aeroporto. Toca o
telefone de novo.
ALICE
Você ainda tá guardando a minha mala?
TIÃO
Claro.
ALICE
Então tô chegando aí amanhã.
TIÃO
(emocionado) Eu vou estar aqui. Te esperando.
CENA 30 - SAGUÃO DO AEROPORTO
Outro dia. No saguão do aeroporto, ele espera. Ninguém chega. Já
saíram todas as pessoas do vôo. Suspense. Ninguém chega. Ele se
desilude.
Surge a senhora da limpeza (está com o vestido vermelho no
corpo). Tião olha pra ela.
TIÃO
Ela não vem.
SENHORA
Vem sim, Sebastião. Ela decidiu duas coisas: nunca
mais perder você, nunca mais pegar um avião.
Tião olha para a Senhora, pensa um pouco, sorri. Ele dá um beijo
na Senhora e sai correndo.
CENA 31 - RODOVIÁRIA
Alice e Tião estão se abraçando na rodoviária. Maior clima de
love story. É um dia de neve em Porto Alegre.
Toca a música "Nuvem Passageira" de Hermes Aquino. Na versão
original.
FIM
*******************************************************************
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6.3.13
Pardon Pour Mon Français
Bonjour, mon amis. Se alguém perguntar para você qual é o lugar onde a arte mais abunda em suas diversas formas o que você responderia? Oui, oui... a França. Na lata! O país fervilha sentimentos e expressão própria o que explica como um pedaço de terra daquele tamanho seja capaz de manifestar com tanta força suas idiossincrasias. Vai dizer que você nunca pensou como que um idioma criado para meia dúzia de gente pudesse vingar? Frânces é a língua do amor e com certeza a melhor forma de contar sobre esse abstrato sentimento devorador de homens é por intermédio de um bom e velho livro. Pois eu estava lendo uma coluna assinada pela Carol Bensimon e ela estava a contar sobre o que viu na sua última estada na região do idioma mais assoviado do velho mundo. As apontações que ela fez me chamaram alguma atenção, entre essas observações dois fatos se sobressaíram dos demais e achei que seria oportuno comentar por aqui.
O primeiro diz respeito a quem quer lançar seu próprio livro. A colunista cita uma revista no qual indica que 17% dos franceses tem em algum recôndito de suas casas um manuscrito, ou seja, um quinto, quase, do povo do país do biquinho é composto de escritores de primeira viagem. Sonhadores, divagadores. Claro que a pesquisa não deixa claro se nessa fatia encontra-se apenas os cidadãos que nunca lançaram um livro ou se engloba famosos literários e marinheiros para uma segunda viagem. Enfim, fato é que a quantidade de pessoas que escreve é alta demais. Para sobreviver a essa enchurrada é necessário esmerilhar. Mais do que fazer direito, fazer icônico. Caso contrário você vai a deriva com todos os outros. Está certo que não dá pra comparar a cidade-luz com o centro popular de São Paulo, mas o que pega é que certamente há uma proporcionalidade de qualidade também. Então incentivo a todos, e a mim, a darem mais de suas almas aos seus escritos, pois certamente é isso que está faltando por em abundância por aí: Vida. Escrevam com paixão, revisem detalhadamente inumeras vezes seu material, ponham-os a prova de leitores ferrenhos e difíceis de agradar e depois divulgue como se fosse aquela sacada engraçada de Facebook. Tá, melhor que isso, né?
O segundo ponto eu dedico para quem quer um dia viver (unicamente) da ficção: Carol retira da cartola para nosso espanto que apenas 50 romancistas da França vivem unicamente de seus direitos autorais, de sua obra. Ou obras, vai saber. Em miúdos ela expõe que alguma coisa extra o peão vai ter que saber fazer para viver, esse sonho de ser uma J. K. Rowling é muito difícil, ainda mais fora dos cercos de interesse de mídias mais glamurosas como Hollywood. Enfim, é óbvio que mais gente vive de escrever, mas raríssimas lá na França de apenas rabiscar suas historietas. Entra aí na contabilidade de sobrevivência trabalhos publicitários, aulas e oficinas e algumas saias justas de vez em quando. então jamais pense que você vai viver unicamente disso. Pode acontecer, mas não deixe seu cérebro internalizar isso antes de acontecer. Jogue na Megassena e então se aposente, meu conselho.
Termino afirmando, que se der, que quero um dia conhecer a França. Uma biblioteca para cada 200 pessoas é algo incrível e inimaginável a nível de Brasil, sem tirar seus encantos naturais. E mesmo com todos esses problemas que eles enfrentam na área de interesse de um bookaholic é dos males o menor. Petit.
O primeiro diz respeito a quem quer lançar seu próprio livro. A colunista cita uma revista no qual indica que 17% dos franceses tem em algum recôndito de suas casas um manuscrito, ou seja, um quinto, quase, do povo do país do biquinho é composto de escritores de primeira viagem. Sonhadores, divagadores. Claro que a pesquisa não deixa claro se nessa fatia encontra-se apenas os cidadãos que nunca lançaram um livro ou se engloba famosos literários e marinheiros para uma segunda viagem. Enfim, fato é que a quantidade de pessoas que escreve é alta demais. Para sobreviver a essa enchurrada é necessário esmerilhar. Mais do que fazer direito, fazer icônico. Caso contrário você vai a deriva com todos os outros. Está certo que não dá pra comparar a cidade-luz com o centro popular de São Paulo, mas o que pega é que certamente há uma proporcionalidade de qualidade também. Então incentivo a todos, e a mim, a darem mais de suas almas aos seus escritos, pois certamente é isso que está faltando por em abundância por aí: Vida. Escrevam com paixão, revisem detalhadamente inumeras vezes seu material, ponham-os a prova de leitores ferrenhos e difíceis de agradar e depois divulgue como se fosse aquela sacada engraçada de Facebook. Tá, melhor que isso, né?
O segundo ponto eu dedico para quem quer um dia viver (unicamente) da ficção: Carol retira da cartola para nosso espanto que apenas 50 romancistas da França vivem unicamente de seus direitos autorais, de sua obra. Ou obras, vai saber. Em miúdos ela expõe que alguma coisa extra o peão vai ter que saber fazer para viver, esse sonho de ser uma J. K. Rowling é muito difícil, ainda mais fora dos cercos de interesse de mídias mais glamurosas como Hollywood. Enfim, é óbvio que mais gente vive de escrever, mas raríssimas lá na França de apenas rabiscar suas historietas. Entra aí na contabilidade de sobrevivência trabalhos publicitários, aulas e oficinas e algumas saias justas de vez em quando. então jamais pense que você vai viver unicamente disso. Pode acontecer, mas não deixe seu cérebro internalizar isso antes de acontecer. Jogue na Megassena e então se aposente, meu conselho.
Termino afirmando, que se der, que quero um dia conhecer a França. Uma biblioteca para cada 200 pessoas é algo incrível e inimaginável a nível de Brasil, sem tirar seus encantos naturais. E mesmo com todos esses problemas que eles enfrentam na área de interesse de um bookaholic é dos males o menor. Petit.
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3.3.13
10 Dicas para Escrever Melhor
Muitas pessoas sonham com a publicação de um livro, porém é necessário pensar, e assim sendo decidir-se, se o que se quer é apenas o objetivo de transformar em papel as letras extraídas a força de sua cabeça ou se planeja-se uma carreira como escritor. Essa segunda opção é mais complicada e exige algumas estratégias além de um pouco de talento e muitíssima paciência e disciplina. Estava pensando em algumas dicas para quem gostaria de praticar essa transição e elaborei algumas dicas que tenho notado observando escritores que se frustraram e aqueles que atingiram seu objetivo. Vou ser superficial e separar por hora apenas 10 dicas divididas em o que é válido tentar e o que se deve largar de mão.
Maneiras certas para escrever uma boa história:
Maneiras certaserradas para escrever uma boa história:
Maneiras certas para escrever uma boa história:
- Crie um enredo universal. Por mais que você tenha um nicho a quem queira atingir não é sábio restringir o gosto pela leitura apenas para os seus amigos de condominio. Se você escrever sobre um casal que se conhece desde pequeno baseado em conhecidos há de se criar um vínculo para as pessoas que irão ler seu texto, portanto não adianta focar que eles estudavam no seu colégio ou que gostavam de jogar botão com seu avô na garagem, é necessário tentar achar sentimentos e pensamentos que permeiam a humanidade há tempos imemoriais, como por exemplo, explicitar que a amizade bonita virou uma história de amor de tirar o folêgo mesmo ele sendo rejeitado por anos a fio até haver uma reviravolta quando ele segura-a firme e enquanto ela tenta escapar ele sela-a com um beijo. Leitores gostam disso, de reviravoltas, de rejeição e superação e de uma história de amor que vale a luta. Ainda alguns se indignarão por pensarem que ele aproveitou-se dela, mas críticas para onde a história se dirigiu é ótimo, diferente das apontadas para sua maneira de escrever.
- Crie tensão. Essa dica é velha, mas muita gente não gosta de usá-la ou ainda alguns acabam por não saber como fazê-la corretamente. Um livro onde todo mundo se desse bem não ia ter a menor graça, somos sádicos e queremos meter o mocinho em uma enrascada para depois torcer para que tudo se ajeite. O negócio é saber dosar esses "perigos" do dia a dia, guardando os melhores para o desfecho de cada parte essencial de seu livro.
- Pratique. Essa é mais velha que andar para frente. Pegue pelo menos 15 minutos para escrever todo dia e pelo menos leia um capítulo de ficção, por dia também. Ficção porque livro técnico não vai te ajudar em nada, acredite. Exercício completo esses dois anteriormente citados, treinando entradas e saídas de criatividade, digamos assim. Ah, o ideal mesmo é escrever e ler sempre que possível. As chances são maiores que esse um quarto de hora e vá, você passa mais tempo no Facebook. Tem que saber o que quer, certo?
- Crie personagens carismáticos. Treine isso, pratique fazendo esboços de poucas páginas e veja se eles são carismáticos e se você e quem for lê vai manifestar uma preocupação a respeito ou pelo um comentário jocoso: "Puxa, ela vai mesmo naquele lugar", "Ah, esse Serginho é cafajeste mesmo, hein".
- Arrume leitores de qualidade. Por mais que vovó Zucreide e a tia Zurma falem que você é jeitoso duvide sempre de parentes e amigos melosos. Peça ajuda de pessoas que não só não vão passar a mão na sua cabeça, mas ainda vão lhe apontar o que pode ser feito para melhorar.
Maneiras certas
- Abusar de palavras rebuscadas e difíceis não tá com nada. Isso já colou muito no passado, mas hoje em dia está em desuso, graças a Deus. O lance é caprichar na narrativa e na construção de personagens carismáticos.
- Agora vai uma opinião pessoal minha: Não abuse de diálogos. Por mais que não exista uma regra acaba caindo em uma sensação de livro vazio quando não existe uma camada de sutileza que é inserida com descrições de pensamentos ou de atos no espaço físico ou além.
- Não exagere demais na enrolação. Admiro demais Tolkien e Stephen King, mas não se pode negar que eles dão aquela enchida de linguiça para prolongar a leitura. Às vezes é bom, outras não. E se você não for genial como eles não tente ludibriar o leitor. Gostei muito do que li de Joe Hill por exatamente ele ir direto ao ponto em Estrada da Noite. Tirei o chapéu pra ele e sempre faço para quem me diverte sem firulas demais.
- Multiplas linhas de tramas. Tente focar em uma história, ou no máximo duas ou três. Às vezes temos tantas ideias e queremos realizar todas que simplesmente não terminamos nenhuma. Vá em frente, chapa.
- Não pense que quando o ponto final aparecer imperioso no final de todo aquele seu trabalho exaustivo que tudo está terminado. Revise uma vez lendo como professor Pasquale e após isso como se você estivesse no papel de se enterter. Para mim só dá certo essa parte depois de pelo menos um dia após a escrita. Tente isso.
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Resenha - Zona Morta
Galerinha paranormal, para vossa alegria estou entortando letras
para o primeiro Review do blog. E para delírio da nação a estreia é sobre
um livro do Stephen King. Muita gente vira o rosto para esse autor e esse livro específico nem é muito aclamad por público ou mesmo por crítica, porém é uma obra que jamais poderia passar batido. Achei-o por acaso em um sebo por 10 Reais e resolvi dar uma chance para o tio King já que pelaa sinopse não havia me chamado a atenção. Existem muitas formas de medo, como o de ter um poder,
ter que usá-lo e perder tudo o que se tem com isso. Ficou curioso? Então
sem mais delongas (e milongas) vamos aos dados da obra:
Zona Morta (Dead Zone)
Original: Stephen King – 1978Versão Brasileira lida: Editora Abril Cultural, 1985 – 389 páginas
Stephen King dispensa que tenhamos que introduzi-lo – como sempre digo “até porque ele conjuraria algo muito macabro para se vingar” -, porém é importante mencionar que esse foi apenas o terceiro romance dele, antes veio apenas Carrie, a Estranha e Salem’s Lot. Mesmo assim nos surpreendemos como o início de carreira (entre aspas porque ele sempre escreveu contos e artigos) dele era criativo e bem minucioso no ofício de contar uma – me desculpem os puritanos – puta história. Apesar de ser uma história fantástica Zona Morta foge um pouco da temática Escritos de Horror propriamente ditos. King nos apresenta um menino que sofreu uma queda em sua infância e que alguns anos depois vira um rapaz comum que começa a desenvolver uma estranha habilidade. Friso o comum porque é isso que é importante nessa obra… King nos conta detalhadamente a vida de um professor recém saído do colégio que vive uma simples vida de professor – que poderia ser a de qualquer um – e que gosta de passear com sua namoradinha – quem sabe é hoje que vou ganhar a noite, afinal a roda da sorte gira para todos – com os trocados que sobram no fim do mês. Stephen faz de Zona Morta um verdadeiro romance multimídia (em minhas palavras) porque passeia por diversos segmentos diferentes de história sem sair da principal. É como se tivesse romance, politicagem, aventura, sobrenatural… de tudo um pouco e de pouco não tem nada.
Johnny Smith – Nome batido não? – foi o personagem mais carismático
das histórias que já li do velho King (embora ainda tenha muita coisa
para ler) e o modo como ele conduz a história de uma maneira calma e
como se não soubesse do que vem pela frente, enterte de uma maneira que é
difícil parar de ler. Ou de não dar spoilers. Mas não darei. Não hoje.
Só direi que é no contraponto dessa vida pacífica que o protagonista
leva que ele descobre – após um segundo acidente – um poder que para ele
não é bem vindo – As pessoas me olham como abutres… -, mas que não é
possível ignorá-lo, é necessário usá-lo para o bem como diria sua mãe
religiosa fanática. Claro, com exceção daquilo que está na Zona Morta –
Não vou contar, descubra.
É essencial dizer que John sofre muitas perdas irreparáveis e que
nos fazem pensar como agiríamos em uma situação parecida.
Se perdêssemos 5 anos de nossas vidas que direito teríamos de reaver
aquilo que ficou para trás? Ou mesmo aquilo que já foi ocupado. É triste
de pensar, mas eu torcia para que o protagonista lutasse para reaver ao
menos aquilo que era importante para ele, mas no ponto de vista de King
a personagem não se achava mais em seu tempo certo. Um dia quem sabe
faço um podcast sobre a obra e daí sim poderei dar spoilers. Combinado?
Zona Morta é um livro excepcional (meu preferido do mestre do
suspense) e recomendado para àqueles que nunca leram uma obra desse
autor e mais ainda para quem é fã. Minha única crítica – pode continuar
lendo não esclarecerei nenhuma ponta solta mesmo – é que no final do
livro todo esse ritmo de passeio no Central Park que ele magistralmente
nos conduziu estranhamente vira uma corrida de São Silvestre onde você
parece não estar bem certo de onde é a linha de chegada. Mas as últimas
duas páginas retomam um pouco do passeio divertido e encerram a leitura
com algo que é bem a cara do Stephen King e que tenta dar uma amenizada
em como ficou até ali a história. Recomendadíssimo. Leia!! Nota 95.
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Abrindo a primeira página...
Acordai, ó Monstro da Literatura.
Bem vindos. Esse blog tem o intuito de trazer muitas
informações a respeito da área literária. Pretendo fazer desse espaço um lugar
para divulgar minhas experiências como autor amador e compartilhar as
dificuldades, as dicas, as técnicas de como trilhar o caminho para se tornar um
bom escritor de romances ou contos. Não é fácil, eu sei, mas para quem gosta de
contar uma narrativa e deleita-se em contar uma boa história não é uma vida
colocada fora morrer tentando. O importante é escrever. Stephen King é um bom
exemplo de que escrever por gosto e sobre o que se aprecia vale a pena mesmo
que as tendências do mercado não apontem tal modalidade de gênero como
tendência. Também o mesmo renomado autor dá uma lição de que a prática leva a
perfeição, pois a quantidade de páginas que esse homem cria, e com qualidade, não
está no gibi. Está em um livro mesmo. E você também pode. Espero aprender muito
com todos que acompanharem minhas colunas, pois espero sinceramente que não
seja algo unilateral, mas sim uma via de mão dupla. E o diferencial é que estou
no início da jornada ainda então você poderá se identificar e dizer: “Ei, esse
cara até que tem umas dicas boas, vale a pena tentar”. Claro que vale.
Fora isso, vou fazer análises do que estou lendo, quero ler
e do que não recomendo. Resenhas tentando captar aquilo que o livro inspira
tanto do lado de vista de um leitor comum quanto do ângulo obtusângulo e
complexo de um escritor aspirante. Ainda pretendo por no ar alguns contos e
crônicas de minha autoria e quem sabe de amigos ou até mesmo de você querido
escritor – o que dizer desse cara que mal conheço e já estimo tanto, huhu... –
podendo dar a cara a tapa a la seu Madruga para ter uma noção se o seu texto
está bem estruturado, conta com uma história que agrade ao público e assim
tentar acertar sua estrada, seu nicho. Também vou descrever o que estou escrevendo,
comentando meus rascunhos e todos os bloqueios, ideias e o que se passa nesse
processo do ponto de partida criativo até a decisão de publicar ou não. Enfim, o que eu ache que vale a pena e que
enriqueça terá espaço aqui, por mais bobo que seja.
Ah, e nessa altura do campeonato talvez você se pergunte:
Por que o nome do blog é tão rocambólico assim? O Monstro da Literatura é o
nome do primeiro romance que eu escrevi. Feito para participar de um concurso
literário cujo resultado sai nesse mês – março/2013, viajantes do tempo – e apesar
de eu ter algumas críticas sobre ele e achar que ele não vá vencer não posso
deixar de declarar meu amor por ele, ele é meu xodó, nada mais justo por ser o
único que conseguiu vencer a barreira do desestímulo e do descrédito que
juntam-se a preguiça e fazem um estrago enorme na vida dos autores novatos. Graças a ele posso dizer que venci uma
barreira essencial para o sucesso. Vocês irão ver que se forem até o fim e concluírem
um romance terão a faca e o pão na mão para se tornarem escritores hábeis se
mesclarem o prazer da leitura e uma certa disciplina a isso. É libertador.
Vamos em frente então? Enfrente.
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Divulgue esse monstro...
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